29.4.09

Revista do Brasil - Abril de 2009 - Edição nº 34


Quase metade dos profissionais do estado de São Paulo tem contrato “temporário”, alguns há décadas. Em situação precária e com direitos reduzidos, vivem como nômades, sem saber se estarão na mesma escola no ano seguinte

“Cada vez que saía de casa, eu pensava: não é possível ter de ir para esse lugar de novo.” Maria Cristina, 40 anos, única que permitiu revelar seu nome e seu rosto nesta reportagem, refere-se à escola estadual em que deu aula na periferia de Campinas, em 2007: “Tive vontade de desistir de tudo. Desilusão, violência, falta de futuro total”, diz a professora, que faz parte de uma leva de milhares de educadores temporários, um problema educacional e trabalhista que insiste em ser crônico.

O estado de São Paulo tem mais de 5 milhões de alunos, 5.350 escolas e 230 mil professores. Destes, 100 mil têm contratos temporários para exercer, durante o ano letivo, a mesma função que os demais 130 mil concursados. Os chamados Admitidos em Caráter Temporário (ACTs), além dos baixos salários, não têm direito à previdência estadual (são transferidos para o INSS) e aos benefícios dos celetistas, como o FGTS. O estado isenta-se ainda de arcar com o direito ao plano de carreira, às férias remuneradas, incorporações e gratificações de tempo de serviço e à evolução funcional. Todo início de ano os ACTs ficam com as “sobras” das escolhas de escolas e horários para trabalhar; os concursados vêm primeiro. Sem vínculos permanentes, perambulam pela rede, tendo de conciliar inúmeras turmas em diferentes unidades. Esses nômades da educação, ao final de cada ano, recomeçam do zero.

Informações

Idioma: Português
Tamanho: 39 mb
Formato: .Rar


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